Giordano Bruno, o direito de pensar (livremente) numa era de novos conformismos – Christian News

“A liberdade de pensamento é mais forte que a arrogância do poder”. Todo poder tende a se defender atacando quem não se conforma com os dogmas da época.

Dogmas que o mesmo poder cria e consagra continuamente. Giordano Bruno, um filósofo e teólogo herético do século XVI, pode parecer uma figura distante, mas o seu legado como livre-pensador permanece surpreendentemente atual e relevante no mundo moderno. A sua vida e as suas ideias constituem um lembrete da necessidade de defender a liberdade de pensamento e a abertura intelectual ainda hoje.

Bruno, nascido em Nola em 1548, tornou-se conhecido pelas suas opiniões heréticas que o levaram a ser queimado na fogueira em 17 de fevereiro de 1600. A sua heresia não era apenas teológica, mas também científica e filosófica. Ele argumentou que o universo era infinito, com muitas estrelas semelhantes ao nosso sol e, portanto, potenciais habitantes. Estas ideias contrastavam fortemente com o dogma geocêntrico aceite pela Igreja Católica da época.

A sua coragem em defender estes pontos de vista está bem reflectida numa das suas declarações mais famosas: “Nenhum Deus que ama a verdade pode condenar uma mente humana que procura a verdade.”
A história de Bruno destaca a luta pela liberdade de pensamento. Hoje, num mundo onde a informação é facilmente acessível, mas onde se instala um novo e cada vez mais intolerante conformismo, é essencial recordar o valor de expressar ideias divergentes.

Bruno pagou um preço terrível pelas suas crenças, mas a sua determinação em defender a sua visão do mundo é um aviso para todos nós. A respeito disso, ele escreveu: “Não esforço meu cérebro para encontrar respostas corretas, mas para libertar minha mente de erros.”

As ideias de Bruno anteciparam muitas descobertas científicas subsequentes. Sua teoria do universo infinito, por exemplo, prefigurou a cosmologia moderna e a descoberta de exoplanetas. Isto nos lembra a importância de não fechar a porta para novas ideias, mesmo que à primeira vista pareçam heréticas. Bruno sustentou: “Toda ciência tem uma filosofia e toda filosofia uma ciência”. Esta ligação entre ciência e filosofia ainda é de grande relevância, pois a reflexão filosófica continua a inspirar a investigação científica e a ajudar-nos a compreender o significado das descobertas.

Numa época em que a liberdade de pensamento e a abertura intelectual são fundamentais para o progresso da sociedade, Giordano Bruno continua a ser um mestre a ser continuamente redescoberto. O seu legado lembra-nos que a coragem de ir contra a corrente, a defesa da liberdade de pensamento e a procura da verdade são valores que continuam cruciais na nossa sociedade.

Continuar a celebrar a vida e as ideias de Giordano Bruno significa honrar a luta pelo pensamento livre e a importância de não aceitar o pensamento convencional sem um exame crítico. Concluindo, como afirmou o próprio Bruno: “Não há ciência que não comece pelo conhecimento de que há muito mais verdades a serem buscadas e que um único conhecimento nos guia na busca por outros”.

David Romano

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