Um mundo em movimento: “Migrar para existir”! – Notícias Cristãs
22 de dezembro de 2023Niamey (Agência Fides) – “Sabemos que a história humana é uma história de migrações. Qualquer transformação social também ocorre através da migração. Na verdade, a migração é um dos espelhos da nossa sociedade.” Esta é a reflexão do missionário Pe. Mauro Armanino por ocasião do Dia Mundial dos Migrantes celebrado no passado dia 18 de dezembro.
“O grupo de acolhimento de migrantes de Niamey, do qual faço parte, escolheu como tema do Dia que acaba de ser celebrado: ‘Migrar para Existir’, para resumir o triplo grito da experiência dos migrantes” explicou o sacerdote da Sociedade para as Missões Africanas. “Um grito de rebelião contra a sociedade, um grito de dignidade e liberdade e um grito de esperança por um futuro que possamos construir e imaginar um mundo diferente em que línguas, religiões e fronteiras não sejam muros, mas pontes”, continua.
O missionário que trabalha com emigrantes, cuida de uma comunidade na periferia da cidade e de programas de formação da diocese de Niamey, deixou claro que é o contexto que influencia as escolhas, orienta o pensamento e nos convida a observar o ‘ pano de fundo’ do cenário que implica e afeta a migração. “Em primeiro lugar, o número estimado de migrantes, cerca de 300 milhões, aos quais se somam cerca de 114 milhões de deslocados e refugiados. É um mundo em movimento! Os conflitos armados são, pelo menos em parte, responsáveis por estes movimentos, que geram instabilidade, insegurança, crises alimentares e políticas. Desigualdades sociais, económicas e de género que só aumentam o fosso entre países, continentes, sociedades e famílias. Tudo isto – acrescenta o sacerdote – não pode ser separado da crise e da estratégia do capitalismo que explora, despoja e transforma tudo em bens. Exclui, reduz o outro a uma coisa, desumaniza.”
“Sem esta chave de compreensão, não podemos compreender a razão dos muros, do arame farpado, da externalização e militarização das fronteiras… Tudo isto tem impacto na vida quotidiana e na mobilidade dos migrantes no Sahel e no Níger em particular. ”
“Ao longo dos anos aprendemos que cada migrante tem a sua própria migração, irredutível a qualquer estatística ou ‘média’. No nosso serviço de acolhimento, trabalhamos principalmente com migrantes que regressam… aqueles que ‘falharam’ no seu projecto de migração, pelo menos por enquanto. Temos os expulsos, os deportados, aqueles que ficaram sem dinheiro e querem regressar ao seu país com mais ou menos liberdade. Depois, há os ‘velhos’ migrantes que estão aqui há muito tempo, que têm pouca motivação para regressar sem dinheiro ou por causa da sua situação familiar, a vergonha do fracasso. Eles moram em algumas áreas da cidade. Outros esperam para serem aceitos. Há quem aguarde a oportunidade de tentar novamente a sorte ou de encontrar outras soluções. São caminhos e perspectivas diferentes”, finaliza.
(AP/MA) (Agência Fides 20/12/2023)
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