MONUMENTO EM MEMÓRIA DO GENOCÍDIO ARMÊNIO CAÍDO EM COLÔNIA – Christian News
27 de dezembro de 2023Parece que no passado a Alemanha forneceu – não apenas indirectamente – justificações políticas e culturais à Turquia para o genocídio arménio.
Hoje em dia, porém, limita-se a demolir alguns monumentos inconvenientes.
O uso de estereótipos para demonizar e criminalizar certas populações não era obviamente exclusivo dos alemães, Deus me livre. O fato é que tanto no século XIX quanto no século passado, na Alemanha, eles foram usados metodicamente. Em particular pelos líderes políticos e religiosos e sobretudo pela imprensa. Não apenas contra os judeus, mas também contra os armênios descritos (bem como com “nariz adunco”) como “mais desonestos, mentirosos, usurários e traidores do que os próprios judeus”. Pelo menos é o que emerge dos estudos de Stefan Ihrig (diretor do Centro de Estudos Germânicos e Europeus da Universidade de Haifa) (1).
Em essência, a ideia de genocídio não teria surgido de repente na mente de Mustafà Kemal (Ataturk) e seus associados. Esta hipótese já havia sido semeada, cultivada e regada com anos de propaganda anti-armênia tanto nos jornais como na esfera literária.
Entre os escritores devemos lembrar Karl May, aparentemente uma fonte de inspiração para o próprio Hitler. Mas também alguns expoentes religiosos como o pastor protestante Friedrich Naumann se destacaram por obras permeadas de hostilidade ao povo armênio. Pelo contrário, um dos seus colegas, Johannes Lepsius, denunciou corajosamente o genocídio de 1915.
A um nível mais elevado, tanto o Kaiser como Bismarck viam a “questão arménia” como um problema interno do aliado turco. Para garantir a sua estabilidade por razões económicas, militares e geopolíticas.
Como se sabe, a consciência de que os Jovens Turcos tinham sido capazes de agir impunemente contra os Arménios reforçou a intenção de Hitler de proceder da mesma forma com os Judeus. Aniquilando-os.
Si parva licet, um episódio recente (“politicamente incorreto”, eu diria) de apagamento da memória histórica levantou novamente a questão.
Durante anos, um pequeno monumento em Colónia em homenagem aos arménios exterminados em 1915 foi desfigurado, demolido ou simplesmente movido pela administração da cidade (seja com a desculpa de uma nova ciclovia, ou – mais honestamente – para evitar desordem). Nos últimos dias, as autoridades tomaram a drástica decisão de removê-lo permanentemente. Nesta cidade existe uma comunidade arménia muito pequena, mas sobretudo uma comunidade muito maior de origem turca. Além disso, foi recentemente inaugurada ali a sede da organização nacionalista-islâmica “Milli Görüs” (“Visão Nacional”, fundada por Erbakan – mentor de Erdogan – para reunir os imigrantes turcos na Europa) afiliada ao Estado turco.
No final de outubro, ocorreu uma marcha organizada por nacionalistas turcos. Incluindo a organização de extrema direita, antissemita e pan-turânica “Ülkü Ocakları” (“Casa dos Idealistas”, mais conhecida como Lobos Cinzentos).
É uma coincidência que o monumento tenha sido desmontado por escavadeiras agora há pouco?
É razoável suspeitar (como denunciou o jornalista Guillaume Perrier) que isto é “resultado de pressões do governo turco e de concessões da direita alemã”. Especialmente pensando em como “a CDU usou, encorajou e apoiou os Lobos Cinzentos e Milli Görüs para combater a presença de forças de esquerda entre os trabalhadores imigrantes turcos”.
A senadora francesa Valerie Boyer também protestou contra a decisão de remover o monumento, acusando os administradores de Colónia de terem “curvado aos nacionalistas turcos que assim impuseram a negação do genocídio arménio”.
Lembro-me que “por outro lado” (!?!) no distrito central de Ehrenfeld, em Colônia, em 2018, foi inaugurada a Mesquita Central DITIB, com capacidade para acolher mais de 1200 pessoas. Convidados de honra, Erdogan e Ali Erbas, presidente da Diyanet İşleri Başkanlığı (Direcção de Assuntos Religiosos). Na altura a construção suscitou bastante polémica, sobretudo pelo impacto visual dos minaretes com cerca de 55 metros de altura.
Gianni Sartori
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