2 em cada 5 cristãos são perseguidos na Ásia – Christian News

2 em cada 5 cristãos são perseguidos na Ásia – Christian News

18 de janeiro de 2024 0 Por Editor

Foi apresentada a World Watch List, uma lista dos 50 países onde se registam os maiores níveis de discriminação contra os cristãos: 365 milhões são os mais afetados no mundo, um número que aumentará a partir de 2023. A Coreia do Norte permanece estável no primeiro lugar. Para a Ásia, seguem-se o Iémen, o Paquistão, o Irão e o Afeganistão. Na Índia, o aumento dos atos hostis às vésperas das eleições é preocupante.

Roma (AsiaNews) – Na Ásia, 2 em cada 5 cristãos sofrem elevados níveis de perseguição e discriminação por razões de fé. Esta é a macroárea do mundo mais afetada por esta ferida, seguida pela África (1 em 5) e pela América Latina (1 em 16). À escala global, há mais de 365 milhões de cristãos perseguidos (1 em cada 7): o número mais elevado dos últimos 31 anos. Os atos hostis incluem agressões, tortura, sequestros; em casos extremos, assassinatos. Mas não se trata apenas de violência física: há também maus tratos e pressões diárias no local de trabalho, no acesso aos cuidados de saúde, à educação e aos locais de culto, e uma burocracia muitas vezes sufocante.

Este é o triste quadro que emerge do relatório anual da ONG internacional Portas Abertas sobre a perseguição aos cristãos no mundo (World Watch List 2024) divulgado hoje, referente ao período de outubro de 2022 a setembro de 2023. Na Itália foi apresentada a WWL na sala de imprensa da Câmara dos Deputados, a convite do Intergrupo para a proteção da liberdade religiosa dos cristãos no mundo, representado na ocasião pelo Exmo. Emanuel Loperfido. Também estiveram presentes Timothy Cho, ativista norte-coreano, e Cristian Nani, diretor da Porte Aperte/Open Doors desde 2015. “Em 31 anos de pesquisa registramos um aumento constante da perseguição anticristã em termos absolutos. 2023 foi um ano recorde”, disse este último.

A Lista Mundial de Perseguição Portas Abertas é criada todos os anos seguindo uma metodologia específica. A organização conta com o apoio “de cristãos perseguidos em mais de 70 países”, lê-se no relatório, realizando pesquisas de campo graças a numerosas “redes locais”. A estes somam-se investigadores, especialistas e analistas, num total de cerca de 4 mil pessoas envolvidas. Existem cerca de 100 países “potencialmente afectados pelo fenómeno da perseguição” e destes surge todos os anos uma lista de 50, representando as situações mais preocupantes de perseguição e discriminação contra cristãos pertencentes a todas as denominações e confissões.

Na lista hoje divulgada, a Coreia do Norte, como acontece há anos, mantém-se estável no primeiro lugar, seguida em segundo e terceiro pela Somália e pela Líbia. Os países que registam um “nível extremo” de perseguição aumentaram de 11 para 13 em comparação com o último relatório. Olhando para a Ásia e o Médio Oriente, além de Pyongyang, há também Iémen, Paquistão, Irão, Afeganistão, Índia, Síria e Arábia Saudita. A nível global, existe uma instabilidade crescente na região da África Subsariana, com um aumento da violência perpetrada por razões religiosas. No entanto, os assassinatos de cristãos estão a diminuir, dos 5.621 do ano passado para os 4.998 registados neste relatório. A razão é o declínio detectado na Nigéria, mas o país continua a ser o mesmo “epicentro de massacres” como infelizmente também aconteceu no Natal.

O número, crescente e difícil de recolher, de vítimas de “abuso, violação e casamentos forçados” é preocupante: 3231 pessoas. Houve também um aumento “sem precedentes” de ataques contra igrejas: de 2.110 para 14.766. A exportação do “modelo de perseguição digital” chinês e a violência na Índia, que aumentou à medida que as eleições se aproximavam, agravaram ainda mais a situação. A isto se soma a rápida difusão do fenômeno da Igreja “refugiada”, acelerada pela influência da China e da Rússia. Além disso, no Médio Oriente e no Norte de África, “os cristãos sentem-se cada vez menos em casa”, sublinha o relatório de 2024.

Olhando de forma geral para a situação na Ásia e no Médio Oriente, a Coreia do Norte mantém a primeira posição devido à política de “tolerância zero para os cristãos” adoptada pelo regime de Pyongyang. Entre os atos de perseguição mais relevantes estão “as repatriações forçadas de fugitivos norte-coreanos pela China”, explica Portas Abertas, que o configuram como um país em que “ser descoberto como cristão é, em todos os aspectos, uma sentença de morte”. Segue-se o Iémen, na quinta posição. É, tal como a Somália e a Líbia, uma nação rigidamente islâmica onde a “intolerância anticristã”, alimentada por dinâmicas tribais, “extremismo activo” e “instabilidade endémica”, empurra os cristãos a viverem a sua fé muitas vezes em segredo. Em sétimo lugar está o Paquistão, um país que se mantém estável no topo da lista há muitos anos: depois da Nigéria, é “a segunda nação do mundo onde ocorre mais violência anti-cristã”, lemos na WWL. Indicativo disso é o ataque ocorrido em Jaranwala em agosto de 2023. O Irã segue em nono lugar, que cai uma posição em relação ao relatório de 2023. Aqui os cristãos, “cidadãos de segunda classe”, são forçados a “reunir-se em pequenos grupos em casa” ; o regime islâmico de facto vê as igrejas como “ameaças”, sublinha-se. Em décimo lugar está o Afeganistão, onde se registou uma diminuição da “pontuação relativa à violência contra os cristãos”, devido à atenção dada pelos talibãs à consolidação do seu poder.

A Índia, porém, permanece estável na décima primeira posição. “Há anos que denunciamos o declínio das liberdades fundamentais da minoria cristã, alvo de violência e discriminação”, comunica Portas Abertas. Segue-se a Síria em décimo segundo lugar, país onde “os desafios que os cristãos enfrentam continuam a ser numerosos e graves” e, por último, a Arábia Saudita, em décimo terceiro. Aqui o “pequeno número de cristãos sauditas cresceu lentamente”, explica Portas Abertas, mas “com um custo”: o dos maus-tratos e do assédio, mesmo contra os mais jovens, porque a conversão do Islão ao Cristianismo é amplamente considerada “inaceitável”.