TODOS OS ESCRAVOS – Notícias Cristãs

3 de setembro de 2023 0 Por Editor

i Cristian Nani, diretor de Portas Abertas na Itália

ABENÇOADOS OS OUSADOS PARTE 3

Em 61 d.C., na época em que Paulo escrevia a Filemom, um prefeito de Roma, Pedanius Secundus, foi morto por um de seus escravos. Segundo o costume romano, isso significava que todos os escravos da sua família seriam executados: eram 400 homens, mulheres e crianças. O povo se levantou contra esta sentença e o Senado foi sitiado. Mas dentro do Senado, um senador chamado Caio Cássio argumentou que eles deveriam ser executados: “Quem estará seguro se nem mesmo um prefeito estiver seguro?” e acrescentou: “Eram 400 e não o defenderam de nenhum?”1. No final, eles foram levados à morte e Nero alinhou todo o percurso com soldados para evitar tumultos.

Os que estavam no poder viviam com medo de que os escravos se rebelassem porque eram muito superiores em número; os escravos viviam com medo de serem condenados à morte, uma morte terrível: a crucificação, esta os esperava.

A crucificação era na verdade a morte reservada aos escravos e criminosos estrangeiros. Foi o terror da crucificação que manteve os escravos obedientes. Uma grande rebelião no século 2 aC foi reprimida com a crucificação de 6.000 escravos ao longo das principais ruas de Roma.

Ruas repletas de pessoas crucificadas. Nenhum de nós hoje é capaz de imaginar tamanho horror.

Quando pensamos na igreja de Atos, uma coisa deve ser lembrada: o fundador, Jesus, o Cristo, morreu escravo aos olhos do mundo. O rei servo reinando de uma cruz. Na noite anterior ele agiu como um servo bondoso, tirando a roupa e lavando os pés dos discípulos. Simultaneamente à morte do prefeito, em Roma, Marcos começou a escrever o seu Evangelho. Ele contou uma história em que Jesus disse aos seus discípulos que “…quem quiser ser grande entre vós deverá ser vosso servo; e quem dentre vocês quiserPara ser o primeiro, ele será o servo de todos”(Marcos 10,43-44). Este princípio foi retomado pela Igreja primitiva e até transformado em canções nas suas reuniões. Numa carta escrita da prisão de Roma aos Filipenses, Paulo cita um dos hinos da Igreja primitiva quando escreve: Tenha o mesmo sentimento dentro de você foi também em Cristo Jesus, que, apesar de ser em forma de Deus, não considerouou ser igual a Deus é algo ao qual nos apegarmos com ciúme, mas nuou ele mesmo, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens… (Filipenses 2.5-7)

Uma razão pela qual a Igreja primitiva não falava muito sobre a rejeição da escravidão é que todos eles se consideravam escravos.

Alguns eles eram verdadeiros escravos convertidos; mas surpreendentemente, alguns até eles escolheram tornar-se escravos. Numa carta do primeiro século escrita por Clemente, lemos evidências de que alguns cristãos em Roma se venderam como escravos para alimentar os seus companheiros. Eu leio:

Sabemos que muitos de nós nos entregamos à escravidão para redimir outros. Muitos venderam-se como escravos e, recebendo o preço pago por si próprios, alimentaram outros.

Quem em sã consciência escolheria voluntariamente a escravidão? Os escravos eram mercadorias. Eles até foram descartados, como sucata de carro. Para evitar cuidar de escravos doentes ou exaustos, os proprietários os despejavam na ilha de Asclépio, no rio Tibre, em Roma. Tantos foram abandonados que Cláudio foi obrigado a decretar que, se algum se recuperasse, receberia a liberdade.

Paulo e toda a Igreja primitiva consideravam a servidão faz parte de sua vocação. Não era tanto um estado físico, mas um estado espiritualum modus vivendi radical, um ousado Se entregue que devem ser procurados na sua fé quotidiana.


1 A questão para este senador foi agravada pela presença de escravos estrangeiros entre eles: “Agora que dentro dos nossos muros domésticos há estrangeiros com costumes diferentes dos nossos, com religiões alheias ou completamente ausentes, vocês não conseguirão manter tal ralé em verifique se não é com medo.”

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