Aceh, centenas de estudantes perseguem Rohingya de abrigo temporário – Christian News

Banda Aceh (AsiaNews) – Centenas de estudantes da província de Aceh, no oeste da Indonésia, invadiram no dia 27 de dezembro um abrigo que hospedava temporariamente mais de cem refugiados Rohingya, forçando-os a fugir. Este é apenas o mais recente incidente relacionado com a hostilidade da população local para com estes refugiados, que pertencem a uma minoria muçulmana apátrida perseguida em Myanmar. Desde meados de Novembro, mais de 1.500 Rohingya fugiram dos campos de refugiados no Bangladesh para chegar à província de Aceh por mar, em barcos improvisados. Segundo as Nações Unidas, esta é a maior migração de Rohingya para a Indonésia desde 2015.

Sob o lema “Os estudantes de Aceh tiveram acesso negado aos Rohingyas”, centenas de pessoas exigiram à força que estes requerentes de asilo deixassem o seu abrigo temporário no edifício Balee Meusuraya para serem realocados. Apesar de se depararem com famílias refugiadas vulneráveis, especialmente crianças e mulheres, os estudantes “arrastaram” os Rohingya em algumas carrinhas e camiões para outro local não muito distante, a cerca de um quilómetro do local anterior. O número total de Rohingya vítimas desta ação é de 135 pessoas, que desembarcaram na praia de Aceh no passado dia 10 de dezembro.

“Conseguimos deslocar estes Rohingya porque a maioria dos nossos compatriotas em Aceh já expressou a nossa preocupação e negação relativamente à sua presença aqui”, disse um dos coordenadores da acção de manifestação de quarta-feira. Os manifestantes também disseram que Aceh acolheu calorosamente os refugiados Rohingya nos anos anteriores. Mas os sentimentos da população local mudaram depois que o Presidente Joko Widodo falou – sem provas e sem qualquer confirmação até à data – de “tráfico ilegal de seres humanos” entre refugiados numa conferência no passado dia 12 de Dezembro.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Jacarta criticou duramente as ações de centenas de estudantes universitários de Aceh. “Estes Rohingya estão traumatizados pela migração e agora também por esta agressão. Estamos profundamente preocupados com os atos hostis massivos perpetrados por estudantes contra mulheres e crianças”, afirmou o escritório do ACNUR. O organismo das Nações Unidas emitiu também uma nota oficial na qual pede às autoridades indonésias que resolvam a questão o mais rapidamente possível: “Esperamos – explicam – que as autoridades locais tomem medidas para garantir a segurança destes cidadãos estrangeiros e proteger os esforços trabalhadores humanitários e funcionários que lidam com a questão, o resultado de “campanhas” provocadas por discursos falsos e de ódio contra estes refugiados”.