ENQUANTO AINDA LUTAM, AS EMPRESAS IMOBILIÁRIAS ISRAELITAS JÁ ESTÃO PLANEJANDO NOVOS ASSENTAMENTOS EM GAZA. – Notícias Cristãs
30 de dezembro de 2023Nada de estranho. Reconstruir – com base noutras necessidades e parâmetros, essencialmente os do lucro – depois de ter destruído (geralmente sempre com fins lucrativos, bem como para esvaziar e renovar os arsenais) é uma constante. Parece que o projecto de reconstrução completa de Beirute já estava em obras muito antes da eclosão da guerra civil (pontuada por várias invasões, de Israel à Síria) nas décadas de setenta e oitenta.
E para a Ucrânia, escavadeiras e canteiros de obras estão prestes a ligar seus motores. Portanto, o que poderá acontecer no futuro em Gaza não é novidade. Continua a ser uma prática padrão em zonas de conflito.
Segundo informou Marc Vandepitte, a imobiliária Harey Zahav, já conhecida por ter construído assentamentos para colonos na Cisjordânia, anunciou um novo projeto para Gaza. Depois da remoção (ou eliminação) definitiva dos palestinos, obviamente. Tal como espera a extrema direita israelita, que já nem sequer tenta disfarçar a sua vocação para a limpeza étnica. Veja o caso extremo de David Azoula.
O primeiro-ministro de Metula declarou abertamente o que outros membros do governo israelita podem apenas estar a pensar. Ou seja, reduzir a Faixa a um território completamente “esvaziado e devastado”. Chegando a uma comparação obscena com Auschwitz.
A imobiliária pretende construir moradias familiares na zona costeira de Gaza. Em seu anúncio você pode ler: “Acorde, uma casa na praia não é um sonho”. Já circulam esboços ilustrativos sobre onde e como esses assentamentos surgirão. Até com seus nomes: Maale Atzmona, Oren e Neve Katif (com referência explícita aos assentamentos pré-existentes).
Tendo evidentemente perdido agora todas as restrições inibitórias, a imobiliária declara que está a operar no sentido de “preparar o regresso a Gush Katif (…) reabilitar a região, limpar os escombros e retirar os habitantes (referindo-se evidentemente aos palestinianos – nota do editor) esperando que em pouco tempo os sequestrados e nossos soldados retornem para suas casas. Para que possamos iniciar a construção em toda a zona de Gush Katif…”.
Para quem não sabe, Gush Katif foi um bloco de assentamentos israelense construído na Faixa de Gaza no início da década de 1970, do qual os habitantes foram forçados a sair em 2005.
Se para os israelitas este projecto parece ecoar o do Grande Israel (do mar ao Jordão, vejam-se as duas listras azuis da bandeira), para os palestinianos é inevitável voltar na memória, por analogia, ao que aconteceu com a Nakba. Quando mais de quinhentas cidades e aldeias palestinianas foram arrasadas e 750 mil palestinianos forçados a abandonar as suas terras.
Enquanto isso, enquanto se espera a chegada de escavadeiras e betoneiras, o trabalho de drones, aviões, veículos blindados e tropas terrestres prossegue rapidamente. Segundo fontes do Hamas, o número de palestinianos mortos desde 7 de Outubro ascenderia agora a mais de vinte mil, com mais de cinquenta mil feridos. Em vez disso, segundo fontes militares israelitas, mais de 150 soldados caíram na Faixa desde o início das operações (27 de Outubro).
Gianni Sartori
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