Gênero para crianças na escola. Mas de onde vêm as diretrizes do ex-ministro Speranza? – Notícias Cristãs
24 de janeiro de 2024Em plena pandemia de Covid-19, o então ministro da Saúde, Roberto Speranza, elaborou um documento nada menos que chocante, prevendo “uma visão transformadora de género, que ponha em causa papéis, normas e estereótipos”.
O furo vem de La Verità de 17 de janeiro passado, em cujas páginas Francesco Borgonovo dá conta de uma iniciativa que, aliás, aprovada pelo ex-ministro, transfere alguns conceitos desenvolvidos sob a coordenação da Universidade de Pisa para os currículos escolares de algumas regiões. Iniciativas experimentais, claro, mas já violações de um plano cuja natureza política e ideológica foi amplamente revelada há algum tempo. Um plano que emerge das brumas da linguagem pantanosa dos documentos académicos com expressões como «abordagem inclusivo da diversidade”, “aspectos cognitivos, emocionalaspectos físicos e sociais da sexualidade”, e assim por diante, num rosário de fórmulas bem conhecidas por quem sabe reconhecer a linguagem de género.
Borgonovo documenta com precisão todo o processo que levou essas experiências às escolas sem consulta prévia (não falemos de autorização…) do corpo docente ou da opinião pública. Mas não só. Gostaríamos de acrescentar, na verdade, que o cérebro de todo este processo obviamente não está na Itália que, nisto, como no resto, se comporta como uma colônia tal como é, isto é, obedecendo a ordens que vêm de outro lugar. Basta pensar na Organização Mundial de Saúde que, como tivemos a oportunidade de salientar, está mesmo no coração das Nações Unidas, um espectáculo secundário impulsionado do lado operacional pelos Scrooges do mundo e do lado ideológico pelos mais fortes lobbies nas ruas. Entre os primeiros, o LGBTQ+ que sempre aspirou tanto a ingressar nas escolas para proporcionar mera doutrinação disfarçada de “educação na afetividade”.
Dizemos “sempre”, mas é impreciso, sobretudo é genérico. Porque enquanto hoje notícias como a de “La Verità” surgem de vez em quando, funcionando como alarmes individuais, o que falta é um exame geral e aprofundado da questão, bem como uma identificação clara dos responsáveis. Aqui então, seguindo o fio oculto das leis, esse “sempre” se esclarece em nove anos. Isto é quanto tempo se passou desde as portas das escolas italianas foram abertas à ideologia de género, completo com tapete vermelho e dinheiro público extra. A referência é à Lei 107/2015, chamada (talvez ironicamente) “Buona Scuola”, aprovada sob os auspícios de pessoas como Elsa Fornero, Maria Chiara Carrozza, Stefania Giannini, Valeria Fedeli. Aí reside o pivô de todo o mecanismo, o buraco (agora um abismo) através do qual os miasmas ideológicos vão parar nos livros e nas carteiras escolares. Procuremos desvencilhar-nos das diversas referências às leis, concebidas especificamente para confundir o cidadão que tenta compreender-nos mais.
No n.º 16 da lei da “Boa Escola” há de facto uma primeira referência ao artigo 5.º n.º 2 do Decreto Legislativo de 14/08/2013. Se você for conferir, descobre que desta forma a “Boa Escola” se refere ao chamado decreto “contra o feminicídio”. Nesse artigo é feita ainda referência a um “Plano de acção extraordinário contra a violência sexual e de género” não especificado, que é elaborado periodicamente pelo Ministério da Igualdade de Oportunidades, de acordo com as indicações da União Europeia. E aqui está a porta permanentemente aberto às políticas supranacionais em relação às escolas italianas. Mas há cada vez mais escandaloso: o “Plano” acima mencionado é elaborado pelos ministérios e pelas direcções onde grupos de pressão LGBT como a UNAR têm uma presença permanente e oficialmente reconhecida. Licenciam um “Plano” que, segundo a classificação das regras, é um ato administrativo geral, como tal desprovido de qualquer força de lei, mas que é arrastado para a dignidade da própria lei através das remissões acima mencionadas. O que contém este “Plano”? dita os conteúdos a serem levados às escolas em todas as disciplinas e para ser incluído nos livros didáticos, pode ser lido baixando a versão mais recente, que não recomendamos às pessoas de consciência. Se eles realmente querem ficar horrorizados, deveriam comprar qualquer livro de Stephen King.
Portanto, é verdade que a iniciativa noticiada por “La Verità” tem a cabeça em Roberto Speranza, mas isso não é o fim da linha, não é a cabeça da cobra. Está noutro lado, escondida num emaranhado de leis e referências, de pressupostos ilegais ao nível do direito, de actos desprovidos de qualquer valor normativo, de cumplicidade e silêncio de uma política que, por todos os lados, já não parece ter força fechar, com uma fechadura dupla, a porta aberta à ideologia de género pelo governo Renzi e pelos seus dois desastrosos ministros da Educação, primeiro Fedeli e depois Giannini
No entanto, haveria espaço operacional e político para corrigir o objectivo. Basta ver quais são algumas das entidades participantes da iniciativa citada por “La Verità”: o Istituto Superiore di Sanità, a Universidade Sapienza de Roma, a Caritas, a Associação Nacional de Luta contra a SIDA, a Cruz Vermelha Italiana. Colossos de longa tradição, dotados de calibre institucional ou de missão de fiabilidade espelhada. Porém, o Clube de Cultura Homossexual “Mario Mieli” também se insinua entre eles. Sem procurar quem foi Mario Mieli e o que escreveu (melhor o tradicional véu lamentável), basta perguntar-se: qual é a força operacional e política real, em termos de ideais e representação, deste círculo? Será realmente de molde a legitimá-lo para participar numa reunião com entidades desse calibre? Alguém encontrará de uma vez por todas a vontade de pesar e medir real (vamos dar spoilers: na verdade irrelevante) a estes lobbies que se infiltram pela porta deixada escancarada pela “Boa Escola”?
Depois há um último aspecto relativo ao não dito implícito nas diversas iniciativas de “educação emocional” que querem impor nas escolas. Um não dito que Borgonovo, em seu artigo, não tem medo de revelar quando o define esse tipo de programa visa “reeducar homens potencialmente violentos”. Um conceito certamente presente nessas iniciativas, laboriosamente escondido sob as diversas referências aos “estereótipos de género”. É também um conceito profundamente errado. Que a violência é humana e não está ligada ao género, além de ser algo bem conhecido e óbvio, é demonstrado pelas corajosas descobertas dos animadores do site “La Fionda”, que lançaram recentemente um muito interessante “Observatório Estatístico”. Extraindo os números dos acontecimentos noticiosos relatados pelos meios de comunicação social (medindo assim a ponta do iceberg), descobriram que o número de mulheres que cometem vários tipos de violência contra os homens não é de todo negligenciável. Mas a premissa da “educação afetiva” nas escolas é sempre a mesma: culpar o sexo masculino e vitimizar o sexo feminino. Uma falácia ideológica e factual claramente visível nos números, mas que deve ser escondida debaixo do tapete se quisermos ter um caminho aberto para a doutrinação nas escolas, com o correspondente financiamento público.
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