O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em meio à sede de poder e dinheiro – Notícias Cristãs
6 de setembro de 2023Quem é o Corpo Governante da Torre de Vigia? Ele é a mais alta autoridade mundial das Testemunhas de Jeová; o órgão que supervisiona as atividades da organização religiosa em todas as nações onde estão atualmente presentes, mais de 200 países. São um número pequeno, geralmente nunca excedendo uma dúzia de membros, e têm um enorme poder nas suas mãos sobre as vidas de mais de 8 milhões de crentes em todo o mundo.
São eles que controlam a distribuição global de livros e revistas, que interpretam as doutrinas bíblicas, que compram ou vendem estruturas e propriedades, que controlam o desempenho das vendas de publicações, que recolhem os lucros resultantes, que nomeiam os gestores dos escalões inferiores, que mantêm relacionamentos com autoridades mundanas. Em suma, são eles que representam o poder absoluto das Testemunhas de Jeová; a autoridade reconhecida pelos fiéis de todo o mundo como vigários de Cristo na terra. Esta posição de preeminência dentro da organização explica porque os membros do Corpo Governante nunca questionam as doutrinas que divulgam e os princípios que impõem: para não perderem o poder que possuem e os privilégios que dele derivam.
A sua pretensão de ser o único canal de Deus na terra esconde uma motivação muito menos espiritual e muito mais material. Na verdade, os membros do Corpo Governante levam uma vida muito superior à de uma simples Testemunha de Jeová que deve trabalhar por um salário modesto. Vivem uma vida livre de preocupações económicas; ficam em vilas luxuosas, viajam em classe executiva, desfrutam de serviços que um salário altíssimo exigiria de uma pessoa normal. Basta dizer que certa vez um membro do Corpo Governante gastou 800 dólares só para comprar 12 garrafas de álcool, quando com essa quantia você pagou parte do dia de trabalho de um trabalhador. O fator econômico, porém, não é o único motivo que move o Corpo Governante. Há mais e pior.
Existe uma coisa que todos os seres humanos têm em comum: a emoção do poder e esse poder depende de eles permanecerem onde estão, caso contrário perderiam tudo e voltariam a ser pessoas normais, talvez sem emprego, sem salário e sem autoridade. Nisto não são muito diferentes dos fariseus dos tempos de Jesus: também eles eram atraídos pelo amor ao dinheiro, à autoridade, à aclamação e ao poder. Prestígio, proeminência e poder podem exercer uma atração muito forte sobre as pessoas, especialmente quando essas pessoas, fora do mundo em que vivem, seriam perfeitos ninguém.
Não há dúvida de que ser membro do Corpo Governante permite que você se sinta importante e saia da mediocridade da vida cotidiana. Sentir-se rico e poderoso é uma força partilhada por uma Testemunha de Jeová comum que se torna Ancião numa congregação simples, e muito menos por alguém que é nomeado para o Corpo Governante. É claro que, à medida que você sobe na hierarquia da organização, você se torna cada vez mais consciente de sua natureza muito mundana, visto que você tem acesso a uma quantidade maior de informações do que uma modesta Testemunha de Jeová que representa a última roda do vagão. Mas ele corre o risco de perder tudo se se colocar numa posição crítica em relação à Torre de Vigia. Os membros do Corpo Governante provavelmente não enganam deliberadamente os outros; são também vítimas de um sistema que foi criado e que os obriga a adaptar-se ou a ser expulsos. Eles estão plenamente conscientes das luzes e sombras da história da Organização e dos danos que ela causou e está causando aos fiéis. Basta pensar nos inúmeros casos de pedofilia que vieram à tona e foram cuidadosamente ocultados. Mas devem necessariamente defender a sua organização se quiserem ficar onde estão e não serem defenestrados, perdendo o que conquistaram em décadas de militância numa religião que nunca, como nos últimos anos, se mostra muito humana e muito pouco divino.
Mário Barbato
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