o que fazer quando uma criança não chega – Christian News

o que fazer quando uma criança não chega – Christian News

2 de novembro de 2023 0 Por Editor

Muitos clichês!

Para tirar o pó, na forma de diário elaborado a partir de sua experiência pessoalpensou nisso a jornalista napolitana Livia Carandente, que lhe dedicou dois livros, ambos publicados pela Tau Editrice: Quantos filhos você tem? (2019) e Ainda não tem filhos? (2021).

Dois pequenos romances semiautobiográficos, o segundo dos quais acaba de ser publicado, que oferecem uma visão do cotidiano compartilhado por muitas mulheres hoje. Com uma confirmação: a autorrealização no trabalho nunca será tão gratificante e emocionante quanto tornar-se esposas e mães.

Se, por um lado, é verdade que nem todas as mulheres aspiram à maternidade – aliás, algumas vêem-na como um obstáculo às suas ambições –, há muitas outras que têm de carregar a cruz de ter um filho tão esperado.

Existe um abismo entre o que uma mãe fracassada pode sentir em seu coração e as frases comuns que parentes, amigos e conhecidos tendem a proferir quando se deparam com tais situações. Todo mundo é bom em aconselhar e avaliar, poucos sabem realmente ter empatia.

Até porque, justamente, poucos conseguem compreender o tumulto na alma de uma mulher nessas condições. Nem mesmo o marido (e pai fracassado) consegue entender o que realmente acontece com a esposa nessas situações.

A chave de tudo: gratidão

Em seu segundo livro, Lívia Carandente volta ao tema que lhe é caro, com tons mais sérios e comoventes que o primeiro. Porém, ele faz isso sem nunca cair no melodramático. O estado de espírito é o de quem está enfrentando uma experiência de vida, que endurece.

Portanto, é melhor abandonar a superficialidade e a falta de tato das pessoas e lançar luz sobre sua própria interioridade e recursos espirituais. Sem nunca perder aquela pitada de auto-ironia saudável que ajuda a aliviar os desafios de cada dia.

Inevitável, então, quando uma criança não chega, experimentar todas as coisas em primeira mão questões problemáticas que emergem do debate político e ideológico destes tempos: a burocracia morosa, que não ajuda os aspirantes a pais adotivos; os dilemas éticos relacionadosaborto ou ai crianças concebidas com deficiência; o drama do aborto espontâneo.

Essas reflexões ligadas aos acontecimentos atuais desempenham um papel significativo no livro Ainda não tem filhos? O verdadeiro cerne da história, porém, é outro e pode ser resumido numa frase muito simples e apenas aparentemente óbvia: a vida é um presente. Um presente como ele vem, não como imaginamos ou planejamos. E, como presente, deve vir acompanhado de gratidão.

O que realmente te faz feliz?

É precisamente quando você começa a encarar a paternidade ou a maternidade de frente que você entende o sentido de sua própria finitude de uma forma menos banal. Isso é quando as pessoas mais sensíveis começam a captar o sentido de uma Paternidade maior, que nos transcende.

Deus não pode decepcionar – escreve o autor –. Agora temos que confiar. E não tente entender, seria inútil; mas sim viver. Sim, com nosso fardo. E não para fingir que tudo está perfeito ou para sentir pena de nós mesmos. Só temos que continuar vivendo plenamente. Mesmo que estejam tristes”.

Como observa Michela Serangeli, editora e mãe adotiva, no posfácio: “A fecundidade não tem necessariamente a ver com fertilidade, tem a ver com felicidade. E é um presente de Deus. Na verdade, a fertilidade não é do casal, mas para o casal. Para que ela não viva mais só para si mesma. Para que você se torne capaz de se entregar e se aventurar lá fora, além da cerca do seu próprio jardim”.

Porque, em última análise, tudo é dom e tudo é graça. E um filho, mesmo que seja apenas o desejo de ter um filho, é a maior graça porque torna o homem e a mulher – mesmo os mais indignos – mais semelhantes ao Criador.